"Num lapso de apenas seis anos, as redes sociais passaram de uma ferramenta para o reforço da democracia para serem utilizadas no ataque às democracias"
A declaração do Embaixador João Gomes Cravinho, da DELBRA (Delegação da União Europeia no Brasil), resume a preocupação comum a todos os participantes do Seminário Internacional UE-Brasil Fake News: Experiências e Desafios, que defenderam o fortalecimento da imprensa e do jornalismo de credibilidade como principal instrumento de combate à disseminação de notícias falsas.
Durante a abertura do evento realizado no passado dia 21 de junho que ocorreu no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), com suporte da Iniciativa de Apoio aos Diálogos Setoriais UE – Brasil, Cravinho ressaltou que, para manter um sistema democrático aberto, é importante que o governo, as empresas e os consumidores trabalhem juntos para combater a desinformação.
“Os governos devem promover a educação digital e o forte jornalismo profissional em suas sociedades. A indústria de notícias deve fornecer jornalismo de alta qualidade para construir a confiança pública e corrigir notícias falsas e desinformação sem legitimá-las. As empresas de tecnologia devem investir em ferramentas que identifiquem notícias falsas, reduzam os incentivos financeiros para aqueles que lucram com a desinformação e aprimorem a responsabilidade online”, afirmou.
A definição do papel das plataformas digitais é apontada pelo especialista alemão Martin Emmer, professor da Freie Universität – Berlim, como fundamental no combate às Fake News. Segundo Martin, esse debate deve ser feito antes de se pensar em legislação. “Esses atores são tão novos na nossa esfera pública que ninguém ainda realmente definiu onde começam e terminam as responsabilidades dessas plataformas quando comparadas com os meios tradicionais."
O especialista francês Christophe Leclercq, fundador da EURACTIV e membro do High Level Group sobre Fake News da Comissão Europeia, acredita ser crucial restaurar o equilíbrio entre os meios de comunicação e as plataformas digitais. Citando o ministro Luiz Fux, presidente do TSE, “é combater Fake News com mais jornalismo e mais imprensa”.
Parceria UE – Brasil
O ministro Luiz Fux afirmou que a realização do seminário internacional com a presença de representantes de diversos setores, e de países distintos, traz uma salutar pluralidade ao debate, sendo fundamental para confrontar dados e reflexões e para se aprender com as experiências de outros sistemas eleitorais.
Na mesma linha, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ressaltou que o diálogo entre os países deve ser celebrado porque a troca de ideias favorece a busca de soluções. Raquel lembrou que somente democracias consolidadas encaram as Fake News como um problema. “Antever o risco de eleições justas e livres serem afetadas por práticas maliciosas de desinformação social é uma amostra que este tribunal dá, assim como a União Europeia, de previdência e zelo, e também de demonstração explícita de que se vive, no Brasil, uma democracia fundada no exercício pleno de liberdade”, afirmou.
Concluíndo a mesa de abertura do seminário, o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Cláudio Lamachia, defendeu que “a inclusão da sociedade no debate acerca das Fake News e a troca de experiências entre o Brasil e os países europeus são relevantes iniciativas para que possamos progredir”.
Conheça também a cobertura da imprensa brasileira (escrita, televisão e rádio) sobre este evento:
Imprensa escrita
O Estado de São Paulo - A abordagem europeia contra a desinformação artigo de opinião do Embaixador da União Europeia no Brasil, João Gomes Cravinho, (2018-06-21);
Valor Econômico - Fux: Eleições podem ser anuladas se influenciadas por notícias falsas (2018-06-21).
Televisão
Jornal Nacional - Ministro Luiz Fux diz que fake news podem até anular o resultado de uma eleição, (2018-06-21);
Jornal da Globo News - Justiça pode anular eleição se resultado for influenciado por fake news, (2018-06-21);
Bom Dia Brasil - TV Globo,(2018-06-22).
Rádio
Rádio Globo - Google e Facebook podem ser responsabilizados se não tirarem fake news do ar, (2018-06-21).
Julho 2018